Brasil discute com Argentina defesa cibernética conjunta
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Buenos Aires - Estadão - 12/09/2013
O governo brasileiro começa a discutir nesta quinta-feira,
12, com a Argentina um projeto de defesa na área cibernética. Segundo o
ministro da Defesa, Celso Amorim, a guerra cibernética é a maior ameaça do
século 21, e a América do Sul tem que estar preparada para enfrentá-la. "A
guerra cibernética é a guerra do futuro. Tomara que não venha a acontecer, mas
se acontecer, temos que estar preparados", disse Amorim aos jornalistas
brasileiros em Buenos Aires, onde desembarcou nesta quinta para reunir-se à
noite com a presidente Cristina Kirchner e o ministro de Defesa argentino,
Agustín Rossi.
Este será o primeiro encontro bilateral para tratar sobre o
assunto depois do episódio de espionagem por parte dos Estados Unidos em vários
países da região, inclusive o Brasil. Amorim está acompanhado pelo diretor do
Centro de Defesa Cibernética, general José Carlos dos Santos, para discutir a
possibilidade de cooperação na área. "Se há espionagem, há perigo de
sabotagem e temos que estar preparados para nos defender", afirmou o
ministro. Celso Amorim considerou que a área de cibernética é, talvez, a mais
importante para a defesa neste século porque, "cada vez mais será difícil
usar armas convencionais, e praticamente impossível o uso de outras armas de
destruição de massas - salvo casos isolados". Segundo ele, a cibernética
pode ser uma arma de destruição em massa.
Por isso, Amorim destacou a importância de uma cooperação
entre o Brasil e os países da América do Sul, começando pela Argentina.
"Esta é uma das mensagens que estou trazendo: que estamos dispostos a
cooperar. Agora, como essa cooperação será feita, isso é o que temos que
discutir", afirmou. Ele ressaltou que a tendência é de ter ações
coordenadas no âmbito do Mercosul e da Unasul na área de defesa, inclusive no
desenvolvimento de uma doutrina que abranja toda a América do Sul. "O que
pudermos fazer com os países da região, será feito", disse.
Ele ressaltou que as questões de defesa cibernética estão
vinculadas aos recursos naturais e a região como um todo é muito rica em
energia, petróleo, água doce e alimentos. "Alguém me dizia hoje que o
Brasil e a Argentina respondem por 40% do mercado da soja mundial, e as
reservas de água doce dos aquíferos. Nós nunca seremos capazes de defender
estes recursos se não fizermos uma adequada defesa cibernética", afirmou.
Sobre a informação de que a Petrobras, dona da maior parte
do pré-sal, gigantesca reserva de petróleo e gás, teria sido um dos alvos de
espionagem, o ministro disse que a defesa da costa brasileira é uma das maiores
preocupações do governo brasileiro. "A presidenta (Dilma Rousseff)
recomendou interesse redobrado nas questões de defesa e projetos
estratégicos", reconheceu. Amorim disse que está aguardando avaliação
sobre as vulnerabilidades para ver qual será a estratégia para resolver o
problema. A principal solução, segundo ele, é o desenvolvimento de software
nacional. "Não adianta achar que vamos proteger nossas vulnerabilidades
comprando software de outros países", opinou.
Entre outros assuntos que serão discutidos com a Argentina,
destaca-se o projeto do país de desenvolver um avião treinador básico com
fabricação final argentina e participação do Brasil. Ele reiterou ainda que a
os argentinos mantém disposição para adquirir seis aviões cargueiros KC-390 e
12 blindados sobre rodas, o Guarani. Na sexta, Amorim também vai visitar um
cargueiro argentino que tem intenção de vender algum tipo de embarcação para o
Brasil.
Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,brasil-discute-com-argentina-defesa-cibernetica-conjunta,1074107,0.htm
Outras Fontes:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/09/brasil-busca-cooperacao-com-argentina-contra-espionagem-internacional-1.html
http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=1408086&tit=Brasil-discute-com-Argentina-defesa-cibernetica-conjunta