Nigéria anuncia acordo com a Boko Haram para libertar meninas reféns
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O Governo
da Nigéria e o grupo terrorista Boko Haram selaram nesta sexta-feira um
cessar-fogo e a iminente libertação das mais de200 meninas sequestradas há seis meses na
localidade de Chibok, segundo anúncio feito pelo chefe do Estado-Maior, Alex
Badeh.
Ainda não
foram revelados detalhes sobre o suposto acordo, mas o militar informou que
seus soldados cumprirão o pacto alcançado. Fontes de segurança nigerianas
citadas pela agência de notícias Reuters confirmaram que o Governo passou três
dias negociando com a milícia islâmica em Ndjamena, no Chade, com a
participação do chefe de Gabinete da Presidência nigeriana, Hassan Tukur, de
funcionários do Governo chadiano e de representantes da Boko Haram.
Tukur
declarou à BBC que, após um mês de contatos, a Boko Haram – uma seita
que luta para impor a lei islâmica em parte da Nigéria –
anunciou na quinta-feira uma interrupção unilateral de hostilidades, e que o
Governo respondeu na sexta. “A Boko Haram nos assegurou que está com as meninas
em seu poder e que irá libertá-las”, afirmou Tukur, acrescentando que detalhes
sobre a libertação serão concluídos em outra reunião na capital do Chade, na
próxima semana.
O Governo
já anunciou em ocasiões anteriores a libertação das estudantes sequestradas em
abril, mas outras rodadas de negociação fracassaram no passado devido à
presença de várias facções dentro do grupo terrorista, segundo a Reuters. O
Governo vinha negociando com Danladi Ahmadu, autodenominado secretário-geral da
Boko Haram, mas não está claro se ele pertence à mesma facção que o líder
Abubakr Shekau.
O
terrorismo da Boko Haram – cujo nome em língua haussá pode ser traduzido como
“a educação não islâmica é pecado” – levou o Governo a impor em maio de 2013
estado de emergência nos Estados nortistas do Borno, Adawama e Yobe. Desde o
começo deste ano, a milícia islâmica assassinou quase 3.000 pessoas, segundo
dados da ONG Human Rights Watch, ao passo que o Governo nigeriano estima as
mortes em 12.000 desde 2009. Neste ano, o grupo recrudesceu sua campanha
violenta, depois de o fundador da seita, Mohamed Yusuf, morrer sob custódia
policial.
Em abril,
a seita,chamou a atenção internacional ao
sequestrar mais de 200 estudantes no norte da Nigéria – uma região de maioria
muçulmana, ao contrário do sul, predominantemente cristão. O novo líder da Boko
Haram, Abubakr Shekau, proclamou um califado no nordeste nigeriano depois de
tomar o controle da localidade da Gwoza, na fronteira com Camarões.
Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/17/internacional/1413560643_556238.html