Absolvidas por ato na Notre Dame, feministas despertam críticas de políticos
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A decisão
da Justiça penal francesa de inocentar nove ativistas do movimento feminista
Femen, acusadas de danificar um dos sinos da catedral Notre Dame de Paris
durante um protesto, provocou críticas por parte de políticos e religiosos
franceses.
Objetivo do protesto na catedral
de Notre Dame era celebrar a renúncia do Papa Bento 16
Ao mesmo
tempo, o Tribunal Penal de Paris condenou três vigias da catedral que haviam
tentado interromper a ação das militantes a multas que vão de 300 euros a 1 mil
euros (R$ 900 a R$ 3 mil) por violência contra as militantes.
Em
fevereiro do ano passado, as ativistas, famosas por protestarem com os seios
nus, haviam decidido "celebrar" a renúncia do papa Bento 16.
Elas
entraram incógnitas na Notre Dame, misturadas aos turistas, arrancaram os
casacos e, aos gritos de "papa nunca mais", começaram a tocar com
bastões de madeira três sinos que estavam sendo exibidos provisoriamente por
ocasião das festividades dos 850 anos da célebre catedral.
Na queixa
prestada pelas autoridades da Notre Dame, a polícia havia constatado que um
pequena parte da camada de ouro de um dos sinos havia sido danificada.
"As
acusações eram ridículas. Isso significa que nossa crítica às instituições
religiosas não foi condenada", afirmou Inna Shevchenko, uma das fundadoras
do Femen, após o anúncio da decisão judicial.
"É
um bom exemplo para os outros países. Isso nos encoraja a continuarmos com
nossa ação. Temos orgulho de saber que a blasfêmia é um direito e que não
seremos condenadas por isso."
Julgamento
e polêmica
No
julgamento, as militantes do Femen contestaram ter danificado o sino, alegando
que haviam coberto os bastões de madeira com feltro.
Tribunal francês disse que não
havia provas de que ativistas do Femen danificaram o sino
O
advogado dos representantes da Notre Dame, por sua vez, disse que a proteção se
descolou e que as ativistas tocaram o sino com um bastão sem proteção.
A Justiça
considerou que não havia provas suficientes de que as ativistas haviam
danificado o sino. O julgamento ocorreu em julho passado, mas a decisão só foi
anunciada na última terça-feira.
O
Ministério Público havia requerido multa de 1,5 mil euros (R$ 4,5 mil) contra
cada uma das nove militantes.
Vários
políticos criticaram nas redes sociais a decisão da Justiça. "Militantes
do Femen absolvidas e vigias condenados. É um estímulo aos provocadores",
afirmou Thierry Mariani, ex-ministro e deputado do partido UMP.
"A
absolvição da Femen nada mais é do que uma autorização para destruir e
odiar", declarou o senador Bruno Retailleau.
O abade
Pierre-Hervé Grosjean, personalidade da Igreja Católica no país, considerou a
decisão "lamentável". "Não é dessa forma que vamos educar as
pessoas a respeitar todas as religiões e os locais de culto", disse
Esse foi
o primeiro julgamento de militantes do Femen na França. Em outubro, uma
ativista que também participou do protesto na Notre Dame será julgada por
"exibição sexual" na igreja da Madeleine, em Paris.
Ela havia
simulado um aborto utilizando pedaços de fígado de vitela, que representavam um
feto, para protestar contra a possibilidade de restrições ao direito de
interrupção da gravidez na Espanha.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-09-10/absolvidas-por-ato-na-notre-dame-feministas-despertam-criticas-de-politicos.html