Líderes de Rússia e Ucrânia se reúnem em meio a tensões
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O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e da Rússia, Vladimir Putin,
protagonizam nesta terça-feira um aguardado encontro, em meio a crescentes
tensões entre os dois países por causa da ação militar ucraniana contra
separatistas pró-Rússia.
As conversas deverão ocorrer durante cúpula da União Eurasiática, em
Minsk, na Bielorrússia, onde o presidente ucraniano já desembarcou. Não está
claro se os presidentes se reunirão separadamente. Ambos se encontraram rapidamente
pela última vez em junho.
O encontro ocorre horas após Poroshenko ter dissolvido o Parlamento e
anunciado eleições antecipadas para 26 de outubro.
Em discurso transmitido pela televisão, ele disse que muitos
parlamentares eram partidários do presidente ucraniano deposto, Viktor Yanukovych,
que estariam se opondo a reformas.
Yanukovych defendia uma aproximação maior da Ucrânia com a Rússia - e
menor com o Ocidente -, assim como os separatistas que atualmente enfrentam o
governo de Kiev.
Confrontos entre tropas ucranianas e separatistas já mataram mais de 2
mil pessoas nas regiões de Donetsk e Luhansk, no leste ucraniano, onde é
significativa a presença de cidadãos de origem étnica russa.
As duas regiões declararam independência de Kiev após a Rússia ter
anexado, em março, a península da Crimeia, até então parte do território
ucraniano.
Mais de 330 mil pessoas foram deslocadas na região. O Exército ucraniano
lançou uma operação para retomar o leste do país, que foi intensificada em
junho.
'Não venham com expectativas'
Os rumos do conflito podem ser definitivos para o desempenho dos aliados
de Poroshenko nas urnas, disse o correspondente da BBC em Kiev, David Stern.
Segundo o repórter, o presidente ucraniano pode ser "punido nas
urnas" caso não consiga encerrar os confrontos até o voto de outubro.
Muitos ucranianos também estão descontentes com o fracasso do governo em
introduzir reformas e lutar contra a corrupção, acrescentou o correspondente.
O encontro entre Poroshenko e Putin será observado de perto por autoridades
da União Europeia - bloco que, junto com os Estados Unidos, impôs sanções
contra a Rússia pelo fracasso de Moscou em impedir a ação de separatistas.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que o Ocidente não deveria
colocar todo o ônus de encontrar uma solução para o conflito sobre os ombros de
Moscou.
"Espero muito que nossos colegas ocidentais... não venham apenas
com expectativas que iremos de alguma forma mágica resolver as coisas para
eles. Isso não vai funcionar", disse ele em entrevista coletiva.
A Ucrânia e o Ocidente acusam a Rússia de armar rebeldes separatistas,
acusação negada por Moscou.
O governo russo, por sua vez, diz que a campanha militar da Ucrânia no
leste do país está causando uma crise humanitária.
Comboio russo
A Ucrânia disse na segunda-feira que tropas do país capturaram dez
militares russos perto do vilarejo de Dzerkalne, a cerca de 50km da cidade de
Donetsk, controlada por rebeldes.
"Soldados russos foram detidos com documentos pessoais e
armas", disse um comunicado. "Investigadores abriram um inquérito
para apurar a entrada ilegal de cidadãos russos armados."
Na segunda-feira, o Exército ucraniano disse que um comboio de dez
tanques e dois veículos blindados vindo da Rússia cruzou a fronteira e se
dirigia a cidade de Mariupol, no sudeste. Dois tanques foram destruídos por
forças ucranianas, obstruindo as vias na área, disse o Exército.
A cidade de Mariupol, um importante porto no mar de Azov, está nas mãos
das forças do governo da Ucrânia, que expulsaram rebeldes em junho, após
semanas de enfrentamentos.
Fortes confrontos também foram registrados na região de Donetsk.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140826_ucrania_russia_hb.shtml