Câmara conclui votação da MP do Mais Médicos
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Estadão- 09/10/2013
Brasília - O plenário da Câmara aprovou nesta quarta-feira,
9, o Mais Médicos. O texto, que agora segue para votação no Plenário do Senado,
traz poucas alterações em relação ao relatório aprovado na comissão mista.
Entre as mudanças, está a restrição da atuação dos estrangeiros no programa.
Passados três anos, aqueles que quiserem continuar exercendo a atividade no
País, terão de fazer revalidação do diploma obtido no Exterior. Na Medida
Provisória, o médico podia ficar até seis anos sem fazer o exame.
A votação dos destaques do projeto foi concluída na noite
desta quarta-feira. Além da limitação do prazo de dispensa do exame de
revalidação do diploma para médicos formados no Exterior, o texto prevê a
criação de uma carreira específica para profissão. Essa mudança, acertada num
acordo, foi essencial para a votação de boa parte das propostas do projeto no
Plenário.
O texto aprovado, no entanto, traz em linhas genéricas a
proposta da criação da carreira específica. De acordo com o relator do projeto,
Rogério Carvalho (PT-SE), há ainda um longo caminho a percorrer. "Várias etapas
terão de ser vencidas para uma definição desta carreira", disse.
O texto aprovado foi uma vitória para o governo. "Todos
os pontos que defendemos foram mantidos. E as mudanças foram todas
acordadas", completou. O governo conseguiu barrar, por exemplo, a proposta
de que os bolsistas tivessem todos os direitos trabalhistas garantidos. Fica a
versão do relatório. "Na prática, a diferença é apenas do décimo terceiro
salário, que eles não recebem, e o fundo de garantia. Mas, por outro lado, não
há incidência de imposto", completou.
O governo trabalhou de forma intensa nos últimos dois meses
para que o Mais Médicos, que deverá ser mote da campanha da reeleição da
presidente Dilma Rousseff e da candidatura do ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, ao governo do Estado de São Paulo, fosse aprovado. Nos últimos dois
meses, o ministro fez uma série de visitas no Congresso, para negociar com
parlamentares.
Nas negociações dos últimos dias, o governo acatou três
mudanças. A possibilidade da criação de uma carreira específica - que atende,
em parte, as reivindicações das associações de classe, foi uma delas. Outro
ponto importante, e um dos que mais pesaram na balança, foi a promessa da
retirada do capítulo V do relatório, que previa a criação de um fórum permanente
para tratar de recursos humanos na área de saúde. Essa instância de discussão,
permanente e de caráter consultivo, não estava prevista no texto da MP e
justamente por isso foi considerada como apenas um instrumento de barganha com
os opositores do projeto, sobretudo a classe médica.
O fórum, que seria integrado por representantes do governo e
de entidades de classe, era visto como uma ameaça pelas associações. Isso
porque entre as atribuições do colegiado estava regular a certificação
(atividade atualmente exclusividade das entidades) e a recertificação, um
processo a que o médico especialista é submetido para comprovar, depois de
determinado tempo, que ele se mantém atualizado. Essas duas atividades
representam uma fonte de recursos para as entidades.
Um dos maiores adversários do programa, o presidente do
Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Ávila, aceitou o acordo. Ele disse se
contentar com o compromisso de o governo de criar uma carreira para médicos do
serviço público de saúde, dentro de três anos. Mesmo a transferência da
atribuição do registro de médicos estrangeiros do programa para o Ministério da
Saúde não foi considerado um problema.
A concessão da autorização provisória, emendou, seria
cartorial. "Com esse formato, nos eximimos de responsabilidade sobre a
atuação desses profissionais. Vamos fiscalizá-los e, diante de eventuais
problemas provocados por esses profissionais, responsabilizaremos a quem de
direito", disse ele, anteontem. A decisão, no entanto, não foi unânime
entre as entidades. Representante da Associação Médica Brasileira, descontente
com o desfecho, deixou a reunião antes do fim.
O texto aprovado transfere para o Ministério da Saúde a
responsabilidade pela concessão do registro a profissionais estrangeiros
integrantes do programa e altera o formato da residência médica.
Além disso, prevê que ao menos 30% da carga horária do
internato médico (que faz parte da graduação) seja feita na atenção básica e em
serviço de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta
determina ainda que cursos de graduação de Medicina, dentro de dois anos,
passarão por avaliações periódicas. A qualidade das residências também será
aferida.
O texto torna obrigatório o Programa de Residência em
Medicina Geral de Família e Comunidade, de 2 anos de duração, com algumas
exceções. Para as especialidades de Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia e
Obstetrícia, Cirurgia Geral, Psiquiatria e Medicina Preventiva e Social, o
curso terá duração de 1 ano. Já os médicos interessados em Genética Médica,
Medicina do Tráfego, Medicina do Trabalho, Medicina Esportiva, Legal, Nuclear,
Física e Reabilitação, Patologia e Radioterapia terão acesso direto à
residência.
O projeto ajuda a turbinar o Provab, o programa do governo
criado em 2011 para atrair médicos brasileiros para serviços públicos. O
relatório incorpora o bônus de 10% nas provas de residência e, se aprovado,
passa a ser lei. O bônus é contestado por universidades.
http://exame.abril.com.br/brasil/politica/noticias/camara-conclui-votacao-da-mp-do-mais-medicos?page=2
Outras Fontes:
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/noticia/2013/10/camara-conclui-votacao-da-medida-provisoria-do-mais-medicos-4296004.html
http://oglobo.globo.com/pais/camara-conclui-votacao-aprova-mp-do-mais-medicos-10317962