Análise: Sorte ajuda Obama em negociações simultâneas com sírios e iranianos
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Washington - The New York Times - 21/09/2013
Apenas duas semanas depois que Washington estava envolvido
em um debate sobre um ataque militar unilateral contra a Síria que também
deveria servir de alerta ao Irã sobre seu programa nuclear, o presidente Barack
Obama se vê nos estágios de abertura de duas inesperadas iniciativas
diplomáticas junto aos maiores adversários dos EUA no Oriente Médio.
Sem muito aviso, a diplomacia está subitamente viva, depois
de uma década de debilitantes guerras na região.
Depois de anos de crescente tensão com o Irã, há discussão
sobre encontrar um caminho que permita ao país preservar alguma capacidade de
produzir combustível nuclear, o que protegeria seu prestígio.
A Síria, que não conta com muito espaço de manobra,
subitamente tem de enfrentar prazos curtos para revelar e entregar seus
estoques de armas químicas.
Para Obama, é uma reversão de fortunas que um diplomata
americano descreveu como "estonteante".
Em seus momentos de maior honestidade, funcionários da Casa
Branca admitem que chegaram a essa situação da maneira mais complicada possível
--com uma mistura de sorte e algumas jogadas de xadrez inesperadas realizadas
por três jogadores dos quais Obama desconfia profundamente: o sírio Bashar
al-Assad, o presidente Vladimir Putin, da Rússia e os erráticos mulás do Irã.
Mas as autoridades dizem que isso é apenas o fruto, ainda
que tardio, do uso seletivo de coerção, pela administração Obama, em uma parte
do mundo onde essa linguagem é compreendida.
"O tema comum é que não é possível realizar progresso
diplomático no Oriente Médio sem pressão", disse Benjamin Rhodes,
assessor-assistente de segurança nacional norte-americano.
Os céticos --e há muitos deles no Conselho de Segurança
Nacional, Pentágono, agências de inteligência e Congresso norte-americano-- não
são tão otimistas.
Acreditam que Obama corra o risco de ser arrastado a longas
negociações e a jogos de dissimulação.
E pendendo por sobre tudo isso há uma terceira negociação: o
esforço do secretário de Estado John Kerry para forçar a retomada das
negociações de paz entre Israel e os palestinos, um campo minado político que
Obama e a predecessora de Kerry, Hillary Clinton, optaram no geral por evitar.
Todas essas possibilidades podem se evaporar rapidamente.
Mas para Obama, o panorama é o de que, depois de semanas de parecer inseguro,
ele agora tem a oportunidade de realizar algo de grande.
Disponível em: http://goo.gl/6LDE2e Acessado em: 21/09/2013
Outras fontes: http://goo.gl/GbT8Ye e http://goo.gl/voahDo